Por Ana Clara Collet
As mulheres são constantemente questionadas e julgadas após uma violência e a burocracia imposta pela Justiça para a investigação desses crimes muitas vezes desestimula as vítimas a buscarem ajuda. Ao perceber que a Justiça não possui meios suficientes para ajudar as mulheres e que a maior parte dessas vítimas são silenciadas, Catarina Lima decidiu fazer um documentário sobre o tema como Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo. Orientado pela professora Eliani Covém, o filme aborda principalmente as “marcas eternas” deixadas por esse tipo de violência.
“Eu escolhi esse tema porque estou cansada de ver mulheres sofrendo diversos tipos de violência, entre física, moral e sexual, e, além de passarem por um trauma, a maioria das mulheres precisa lidar com consequências muito piores do que a do agressor”, explica a estudante. A ideia do documentário foi trazer relatos e apoio para que as mulheres busquem seus direitos e se imponham mesmo diante das dificuldades.
Desde os 14 anos, Catarina se interessa pela causa feminista e, por isso, começou a ler livros e a assistir filmes feitos por diretoras feministas. Quando percebeu, “já estava totalmente engajada no movimento”, tendo a certeza de que esse seria um tema de pesquisa e especialização no ensino superior.
A estudante conta que sua maior dificuldade foi conciliar a rotina de gravações com a redação do referencial teórico, mas principalmente “encontrar personagens que aceitassem dar entrevista para falar sobre assuntos tão delicados e doloridos”.
Ao todo foram seis mulheres entrevistadas, quatro vítimas de algum tipo de violência de gênero e duas especialistas na área, uma professora ativista do movimento feminista e uma psicóloga clínica. Para um referencial bem completo, Catarina leu diversas obras que a auxiliaram a se aprofundar na teoria feminista, na dominação masculina e no patriarcado.
No documentário, a estudante mostra como as vítimas lidam por anos com as sequelas emocionais, exame de corpo-delito e tratamentos e diz que as mulheres “têm medo de contar a verdade e serem julgadas”, além de serem reprimidas e incentivadas a permanecerem em silêncio. Por essa razão, seu “TCC é um documentário que defende a luta contra o silenciamento feminino”.
A banca de TCC acontecerá na quinta-feira (12/11), às 20h30, na Escola de Direito, Negócios e Comunicação da PUC Goiás, Campus V.