Por Guilherme Ferreira
Supervisão: Prof.ª Gabriella Luccianni
Orientada pela professora Maria Carolina Giliolli Goos, a longform é um gesto de respeito e valorização das diferenças e tem como foco, investigar e dar visibilidade às experiências de crianças surdas, suas famílias e educadores. Longform é um formato de reportagem com um nível de aprofundamento maior, podendo utilizar recursos narrativos, como o trabalho da Laís. Esse estilo permite aprofundar a escuta do jornalista para os protagonistas e aproximar o leitor dos personagens.
Antes de chegar ao tema, Laís comenta que naturalmente se aproximou das pautas de inclusão. “Sou uma pessoa com deficiência visual, especificamente baixa visão, e desde a infância participei dos núcleos de acessibilidade da escola”, comenta. Sua mãe, que é professora, também motivou a formanda a buscar os seus direitos e valorizar a educação.
“Durante a pandemia, minha mãe retomou os estudos em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e esse momento foi marcante para mim”, destaca a discente. Ao iniciar seus estudos no curso de Jornalismo, Laís começou a refletir sobre o papel da comunicação. “Quem faz jornalismo para pessoas surdas? O modelo tradicional de jornalismo ainda se comunica majoritariamente com ouvintes”, observa a aluna.
Na construção da reportagem, a estudante utilizou diversas estratégias para chegar às fontes. “Algumas delas foram encontradas por meio das redes sociais, enquanto outras surgiram por indicação”, revela. “A escolha das fontes também foi guiada pela escuta atenta e pela sensibilidade em identificar narrativas que dialogassem com os objetivos do meu TCC. Dessa forma, fui construindo as pautas de forma orgânica, respeitando os contextos de cada entrevistado e buscando sempre valorizar suas vivências”.
Para conseguir abordagem mais humana, Laís entrevistou professores bilíngues, familiares e especialistas, acompanhando de perto a realidade. “À medida que mergulhei nas entrevistas e na visita às instituições, percebi a riqueza e a profundidade do tema, o que me motivou a ir além do que havia sido planejado inicialmente”, explica em relação à apuração e complementa: “fiquei feliz que consegui executar tudo o que havia proposto”.
Durante a escrita da fundamentação teórica, Laís disse que teve uma limitação em relação a dados estatísticos e específicos sobre a população surda. “Muitos desses dados não são públicos, estão desatualizados ou são pouco detalhados, o que dificultou a construção de um panorama mais completo e quantitativo sobre o tema”, revela a formanda.
“Espero que a reportagem toque as pessoas, que provoque empatia, reflexão e um olhar mais atento para a realidade da comunidade surda, especialmente para as crianças, famílias e educadores”.
A reportagem reflete um olhar sensível para a sociedade, onde se espera empatia e inclusão de todos. “Quero reforçar que a acessibilidade não é um favor, é um direito”, afirma a formanda. “O jornalismo tem um papel fundamental nesse processo: dar visibilidade, provocar reflexões e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária”.