Por Júlia Leiva Costa.
Goiânia é considerada o berço da música sertaneja. A cidade se tornou referência do gênero musical no final da década de 1980 com o surgimento das duplas Zezé Di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo. Em pouco tempo, outros artistas foram surgindo, reforçando a tese de que a capital de Goiás havia se tornado o celeiro desse estilo musical.
Foi considerando a força do sertanejo e disposta a entender os bastidores do segmento que a estudante de Jornalismo Giovana Cecília de Souza Oliveira decidiu desenvolver o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o título “Por trás dos acordes: História de música e vida. A rotina e os desafios dos músicos de apoio na indústria sertaneja”.
Giovana viu uma oportunidade de escrever sobre um assunto relevante, porém pouco explorado. “A minha escolha se deu devido a minha proximidade com alguns personagens e pela minha paixão pelo sertanejo, mas o que mais me influenciou foi por ser um tema pouco abordado”, explica a aluna, que acredita que as pessoas que acompanham grandes nomes nas turnês e nas gravações em estúdio passam despercebidas naquilo que ela chama de “a magia do show”. Em outras palavras, Giovana defende o reconhecimento daqueles que, em geral, permanecem nos bastidores.
A percepção da estudante pareceu certeira quando ela se sentiu acolhida pelos entrevistados. Giovana havia escolhido outro tema para o TCC. A proposta inicial era escrever sobre a inclusão de autistas no futebol. Ela chegou a avançar no trabalho de pesquisa, mas não encontrou as portas abertas. “Inicialmente, meu tema era sobre a inclusão de autistas no futebol. Tinha feito quase todo o trabalho teórico e até realizado algumas gravações, mas estava ficando muito monótono e desviando do meu objetivo, que era o futebol. Fui muito ignorada pelos personagens. Alguns visualizavam e não respondiam (as mensagens), outros só ignoravam, e o tempo estava correndo”, contou.
A mudança de planos custou muito mais dedicação da parte de Giovana, que teve que conciliar o recomeço do projeto com a vida pessoal, acadêmica e o estágio na área. “Foram noites sem dormir porque eu tinha prazo para entregar o TCC para o orientador”, explicou a aluna, que destacou o apoio da família, dos amigos e do orientador, o professor Enzo de Lisita, como essenciais para que o objetivo final fosse alcançado.
Com o novo plano traçado, Giovana iniciou o trabalho de campo e se surpreendeu com a facilidade com a qual foi atendida. “Os personagens ficaram muito felizes por serem ouvidos porque normalmente o pessoal só se importa com o artista principal, ali no palco”, esclareceu a futura jornalista. Com o caminho aberto, a preocupação foi dando lugar à ação. E era preciso agir rápido, já que o novo tema só foi definido no dia 9 de outubro, quando a maior parte dos alunos já estava finalizando o TCC.
A falta de exploração do tema acabou dificultando a busca por conteúdos bibliográficos. “Na parte técnica foi muito difícil encontrar textos, em geral, o que eu tinha eram sites”, contou. Porém se, por um lado, a pesquisa foi árdua, por outro lado, foi divertida porque “os personagens se sentiram à vontade, então foi muito espontâneo”, destacou.
Depois de muito trabalho e retrabalho, Giovana se disse satisfeita com o resultado. “Estava nervosa antes, mas durante a apresentação fiquei bem tranquila e fui aprovada. Valeu a pena cada esforço. Os músicos merecem ser reconhecidos e precisam ser mais valorizados”, concluiu a aluna.