Por Ana Clara Collet.
Até que ponto estamos preparados para usar a I.A.?” “Será que ao utilizar a I.A. estamos mantendo o nosso próprio texto?” “Em quais condições as revistas científicas devem aceitar o uso da inteligência?” Esses foram alguns dos questionamentos feitos na palestra “Práticas no emprego da Inteligência Artificial para redação científica”, realizada pelos professores doutores Pablo Almada (USP) e Rafael Guimarães (UFG), com a mediação da professora Sergiane Alves (PUC Goiás), durante o X Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC Goiás, no dia 14 de outubro.
Em referência ao sociólogo Pierre Bordieu, o pesquisador Pablo Almada (USP) abordou os usos da Inteligência Artificial na ciência, campo visto como um espaço de lutas. “A I.A. pode alterar as ideias de poder do campo, o que não significa que quem use a inteligência seja melhor pesquisador, longe disso.”
O professor, que começou a utilizar a I.A. devido às dificuldades técnicas enfrentadas no seu cotidiano, fez uma abordagem sociológica do tema e argumentou que o uso dessas ferramentas “pode gerar dinamização no mercado.”
“A I.A. traz novos laços de conhecimento, mas traz também algumas limitações, pela forma como estamos preparados para produzir dentro da Inteligência Artificial”, explica Almada.
No caso das revistas científicas, ele acredita que a I.A. pode ser um facilitador na organização e geração de informações. Uma pesquisa demanda uma boa comunicação e essa comunicação é gerada por inúmeros dados. Aplicar um software nesse acúmulo de dados seria um ótimo auxílio, justamente pela I.A. não ser “autor de nada”, mas uma grande facilitadora.
Doutor em Medicina Tropical pela UFG, Rafael Guimarães utiliza frequentemente as ferramentas de Inteligência Artificial e acredita que elas podem aprimorar e complementar a produção humana, principalmente na revisão de textos e na formatação do trabalho.
Guimarães explica que a I.A. é capaz de transformar ideias complexas em ideias mais simples e dar um tom mais formal para o projeto científico, agregando diversas formas para uma “escrita acadêmica eficaz”. Adepto do uso da I.A. em projetos acadêmicos, ele ensina sua metodologia em sala de aula, mas reforça que esse uso deve ser avaliado em cada fase de redação.