Por Leonardo José e Sara Soares.
Quando Isabelle Godoi entra no Morumbi, uma onda de emoção toma conta dela. “É como voltar para casa”, ela diz, olhando para o gramado onde viveu momentos de euforia e angústia. Torcedora apaixonada do São Paulo, ela carrega no peito uma herança familiar que começou com sua avó. “Minha avó é a torcedora mais fanática que eu conheço. Ela me ensinou a amar o Tricolor desde pequena, com bandeiras, camisas e histórias do time.”
Essa paixão a levou a lugares inesperados, como a final da Copa do Brasil de 2023. Isabelle quase desistiu de viajar quando, às 4h da manhã no dia do jogo, começou a passar mal. “Achei que não conseguiria ir, mas meu namorado fez de tudo para me ajudar. Mesmo vomitando no avião inteiro, cheguei lá e vi o São Paulo ser campeão. Foi o dia mais épico da minha vida.”
Assim como Isabelle, Giovana Pacheco também tem no futebol uma fonte inesgotável de emoções. Flamenguista de coração, ela começou a acompanhar o esporte inspirada pelos avós e pela Copa de 2014. “Eu não queria esperar mais quatro anos para torcer. Escolhi o Flamengo porque minha irmã já era apaixonada e não me arrependi.”
Giovana lembra com carinho de sua primeira vez no Maracanã. “O Flamengo venceu por 7×1, e eu estava lá, gritando e chorando. É uma experiência que nunca vou esquecer. Durante os 90 minutos de um jogo, parece que o mundo inteiro desaparece.”
Já Maria Clara Ribeiro, torcedora do Palmeiras, encontrou no futebol um elo com sua família e um norte para sua carreira. “Meu pai sempre foi palmeirense e isso foi parte da nossa rotina. Mas foi quando comecei a me interessar pelo jornalismo esportivo que o futebol se tornou algo ainda maior para mim.”
Maria Clara viu no esporte uma oportunidade de seguir seus sonhos, mas não sem enfrentar obstáculos. “Como mulher, você sempre precisa provar que entende, que sabe o que está falando. É cansativo, mas eu acredito que estamos avançando.”
Sônia, flamenguista que começou a acompanhar o time com mais afinco após a Copa do Mundo de 2018, também acredita em um futuro melhor. “Meu pai foi quem me apresentou ao futebol e isso nos aproximou muito. Ir ao estádio pela primeira vez e ver meu time jogar foi incrível. Senti uma conexão única com o Flamengo e com as pessoas ao meu redor.”
Embora não tenha enfrentado preconceito diretamente, Sônia reconhece que há desafios. “Ainda ouvimos comentários preconceituosos, principalmente sobre mulheres ocupando cargos como comentaristas. Mas é gratificante ver tantas mulheres entrando no meio esportivo.”
Flamengo.
A luta por respeito e igualdade
Apesar de suas histórias únicas, todas concordam que ainda há muito a ser feito para que as mulheres tenham o mesmo respeito no mundo do futebol. Isabelle reflete sobre as experiências negativas que já teve. “Sempre tem alguém questionando por que estou no estádio, se sei o que é impedimento. É cansativo, mas não deixo isso me abalar.”
Giovana também já lidou com as clássicas “piadinhas” machistas. “Perguntam coisas só para testar se você realmente entende de futebol. Mas a gente não precisa provar nada para ninguém.”
Sônia e Maria Clara destacam os avanços, mas apontam desigualdades gritantes, como a diferença salarial no futebol feminino. “Ver tantas mulheres ocupando espaço no esporte é inspirador, mas ainda temos um longo caminho até a igualdade”, diz Maria Clara.
Futebol: um sentimento que une
Para essas mulheres, o futebol é mais do que um jogo – é uma forma de expressão, um refúgio, e uma conexão com algo maior. “Durante os 90 minutos, nada mais importa. É só você e o time”, resume Giovana.
Para essas mulheres, o futebol é mais do que um jogo – é uma forma de expressão, um refúgio, e uma conexão com algo maior. “Durante os 90 minutos, nada mais importa. É só você e o time”, resume Giovana.
E o futuro? Elas sonham com um cenário mais igualitário e inclusivo. “Eu quero um mundo onde as pessoas possam torcer, jogar e trabalhar no futebol sem sofrer preconceito”, diz Isabelle. “O futebol é paixão e todos deveriam ter o direito de vivê-la sem limitações.”
Enquanto isso, nas arquibancadas, nos estádios e nas redes sociais, essas mulheres continuam escrevendo suas histórias. Entre gritos, lágrimas e momentos inesquecíveis, elas mostram que o amor pelo futebol é universal – e que, com determinação, elas podem mudar o jogo.