quarta-feira, 23 de outubro de 2024
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Mostra de filmes é enriquecida com tour pelo IGPA 

Participantes da Semana dos Povos Indígenas puderam assistir filme e conhecer acervo sobre 60 povos indígenas em visita guiada pelo IGPA.

Foto: Cecília Epifânio

Por Maria Gabriela Pimenta e Vinícius Pimentel 

O curta-metragem O Coração da Floresta  foi exibido nesta quarta-feira (19) aos participantes da Semana dos Povos Indígenas no Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA). Os visitantes aproveitaram a oportunidade para participar de visita guiada pelo professor Frederico Mael, historiador e responsável pelo acervo do instituto. 

Com trinta minutos de duração, o curta-metragem etnográfico dos anos 60 foi produzido e dirigido pelo cineasta inglês John Adrian Cowell, movido pela paixão pelo meio ambiente e pelo papel social que possuía. Este é o primeiro filme do diretor feito na floresta amazônica e o primeiro da série “Destruição do Índio”.  

O curta-metragem apresenta de forma realista a relação do indígena com a floresta e o trabalho dos irmãos Villas Boas no início do Parque Indígena do Xingu. Sem trilha sonora, o filme revela a importância da terra e da floresta para os povos indígenas. A floresta foi personificada em espíritos que dançam embaixo d’água e ensinam segredos antigos da medicina e do artesanato aos povos e realizam rituais para agradecer a natureza e honrar os antepassados.  

Com o avanço da civilização e a ameaça dos brancos, os sertanistas atraíram grupos indígenas de diversas regiões para o interior do Parque, com o objetivo de protegê-los da extinção. Ao longo do curta, é possível perceber o medo do povo Kaiabi, por meio do uso de roupas e o distanciamento das pinturas corporais. Apesar disso, os indígenas continuaram praticando rituais. 

Mael destacou que o filme continua atual por registrar conflitos sociais, interesses humanos e a expansão agressiva do capital sobre pequenas comunidades. Ele enfatizou a conclusão do cineasta Cowell, de que os povos indígenas são donos dos segredos de uma floresta condenada. 

Visita guiada 

Foto: Cecília Epifânio


Durante a visita guiada, Frederico Mael apresentou todo o arsenal histórico feito pelo fotógrafo Jesco von Puttkamer, que registrou 60 povos indígenas na região centro-norte; pelo documentarista Adrian Cowell, responsável pelo maior registro sobre a Amazônia do mundo; e pelo cinegrafista Vicente Rios, que viveu em lugares hostis da Amazônia por 30 anos e foi um dos fundadores do Greenpeace.  

Localizado na Área II da PUC Goiás, no Setor Leste Universitário, o IGPA está vinculado à Pró-Reitoria de Graduação e Pesquisa da universidade, sendo representativo nos segmentos das instituições de pesquisa, ensino e cultura do Brasil. Inaugurado em 1972, o instituto conta com materiais conservados que são importantes para a compreensão da história dos povos indígenas.  

O historiador mostrou detalhes dos materiais guardados na parte interna do instituto, explicando a importância da manutenção dos itens para ressignificar o que já está registrado. “O que o olho não vê, a imagem registra”, enfatizou. “É possível revisitar o que aconteceu. Dando outro significado para os registros. É possível elevar a história”, completou.  

A atividade fez parte da Semana dos Povos Indígenas, que contou com uma série de eventos que discutiram o tema “Povos originários: alteridade, violências e protagonismo”. A transmissão oficial das atividades on-line foi realizada pelo canal no YouTube da PUC Goiás.

EQUIPE DE COBERTURA JORNALÍSTICA: 

Editora Geral: Gabriella Serrano 
Editor de Redes Sociais: Diego Augusto 
Editora do texto: Giovana Cecília de Souza Oliveira
Repórteres: Maria Gabriela Pimenta e Vinicius Pimentel
Produção e edição de imagens: Cecília Epifânio
Supervisão Geral: das professoras Noêmia Félix da Silva (Disciplina de Jornalismo Científico e Ambiental) e Carolina Zafino (Ciberjornalismo).