quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Jovens são os mais afetados por transtorno de ansiedade no Brasil

Inquietação constante, tremores e dores no peito podem ser sintomas do problema, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)


Por Anna Karyn de Sousa

Aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica e, após pandemia provocada pelo coronavírus, os números cresceram em 25%, principalmente entre a população adolescente e jovem. Os dados são do último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS, em junho de 2022.

Segundo o terapeuta holístico Angelo Almeida de Sousa, jovens entre 15 a 24 anos são os mais acometidos pelo transtorno, que tem causas diversas. “Normalmente, a ansiedade na adolescência está muito atrelada à separação dos pais, mudança de amigos para outra cidade ou mesmo de escola, falta de apoio da família, bullying e até mesmo a incapacidade de lidar com as próprias frustrações”, explica.

O terapeuta explica o que é o transtorno de ansiedade entre os adolescentes e jovens. É um estado persistente de inquietação intensa. Ele se caracteriza por uma excessiva preocupação, medo e temores”, afirma.

Com a pandemia provocada pela Covid-19, a procura por tratamentos psicológicos e psiquiátricos para jovens cresceu, mas uma grande parcela não procurou ajuda profissional. Um estudo feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apontou que entre dez jovens entrevistados, três relataram sintomas de ansiedade e 42% deles não pediram ajuda, até mesmo por não saberem a quem recorrer, como abordar o assunto e identificar os sintomas.

Irritabilidade, dificuldade em prestar atenção em algo, inquietação constante, hábitos alimentares incomuns, preocupação excessiva, dificuldade de socialização, fora os sintomas físicos, como o cansaço, tremores e tensão muscular intensa, foram algumas das características mais recorrentes citadas pelo terapeuta Angelo, que podem ser usados para identificar se uma pessoa está em estado ansioso ou desenvolvendo o prognóstico.

O transtorno de ansiedade não tem cura e os quadros variam de pessoa para pessoa, o diagnostico deve ser feito por um profissional da área, como um psicólogo, um psiquiatra e ou um terapeuta, que indicarão o tratamento adequado para cada caso. “Apesar dos medicamentos psiquiátricos ajudarem bastante a controlar os casos de ansiedade cotidiana, a melhor forma de se tratar é com psicoterapia, um acompanhamento psicológico. Ele vai ajudar o jovem ansioso a retomar o controle da sua vida, seu estado emocional e viver”, explica o terapeuta holístico.

Liz Costa Cárdenas Marim, de 20 anos, deseja cursar medicina, e conta como foi descobrir o transtorno de ansiedade na época da pandemia. “Foram as primeiras vezes que tive crises de ansiedade, acontecia frequentemente e eu não fazia ideia do que era, chorava e não conseguia parar, muito menos me abrir sobre o que estava acontecendo. Na época perdi 10 quilos em poucas semanas e não conseguia me relacionar muito com as pessoas.”

Ela ressaltou a importância do tratamento. “Ajudou a me entender como ser humano e quais eram meus princípios e vontades. Atualmente ainda tenho crises, mas já sei identificar quando acontece e continuo com o acompanhamento psicológico. Conviver com a ansiedade é uma batalha constante com você mesmo, às vezes pode ser bem cansativo”, explica a jovem.

Tratamento gratuito

O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com programas de tratamentos gratuitos para aqueles que desejam ajuda profissional. Os atendimentos podem ser feitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou em unidades mais especializadas como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Para marcar a consulta é preciso ir a uma dessas unidades de saúde com o cartão do SUS e fazer o pedido.

Outras opções são as Clínicas-Escola, que abrem vagas em todo início de semestre e o pré-cadastro é feito via internet ou pessoalmente. Em caso de crise, se não for possível sair e desejar apenas conversar sobre o que está sentindo, pode acessar o chat do Centro de Valorização da Vida (CVV) ou ligar através do 188. A ligação é gratuita e o serviço está disponível 24 horas por dia.