Por Gabriela Rezende
Em um cenário marcado por constantes pressões sociais e desafios emocionais, a Geração Z – jovens nascidos entre 1995 e 2010 – enfrenta dilemas internos profundos, ampliados pela exposição nas redes sociais e pela busca incessante por perfeição. Para proporcionar um ambiente de apoio e reflexão sobre saúde mental, autoconhecimento e relações interpessoais, as alunas Ana Bárbara Quêtto e Vitória Sousa criaram o Help Club, uma iniciativa inovadora que faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O Help Club é mais do que um simples projeto acadêmico; é uma plataforma de engajamento e suporte para a geração que busca discutir questões emocionais e psicológicas abertamente.
Refúgio para a Geração Z
A ideia surgiu em resposta ao aumento das questões relacionadas à saúde mental entre os jovens. Em um mundo dominado pela pressão de padrões de beleza, sucesso e expectativas sociais – amplificados pelas redes sociais – muitos jovens se sentem sobrecarregados por sentimentos de inadequação e insegurança. “A Geração Z está vivendo um momento de intensa autoexigência e, por isso, acaba se sentindo solitária em seus problemas, sem saber onde buscar ajuda”, explica Ana Bárbara Quêtto, uma das idealizadoras do projeto.
Pensando nisso, o Help Club oferece um espaço seguro e acolhedor para que os jovens possam se expressar, compartilhar suas experiências e aprender com os outros. A proposta discute temas como amor, ciúmes, traumas, ansiedade e a complexidade das relações interpessoais, de forma ética e responsável. O objetivo é criar um diálogo construtivo, promovendo o autoconhecimento e o apoio mútuo entre os participantes.
Planejamento e execução
O desenvolvimento do Help Club envolveu o planejamento detalhado, com a criação de uma linha editorial voltada para o público jovem. Foram produzidos conteúdos variados, como vídeos curtos, posts informativos, ilustrações e textos de apoio, com o intuito de gerar impacto e reflexão. A criação de um calendário editorial foi essencial para garantir a consistência nas publicações e na abordagem dos temas.
Até o momento, o projeto produziu 27 conteúdos no feed do Instagram, sendo 19 vídeos sobre saúde mental, autoestima, e os efeitos da pressão social. Com uma linguagem direta e próxima da realidade da Geração Z, os vídeos têm sido o carro-chefe do TCC, atingindo um público crescente que se identifica com a proposta de um espaço de apoio emocional.
“Cada vídeo foi pensado para ser breve, mas profundo. Queremos que o jovem se sinta acolhido e compreendido em um minuto, o tempo ideal para engajá-lo nas redes sociais”, explica Vitória Sousa, parceira de Ana Bárbara na criação do Help Club.
Desafios
Embora o projeto tenha sido bem recebido pelo público, o caminho para sua execução foi trabalhoso. As alunas enfrentaram dificuldades logísticas, como a falta de sintonia de agendas com as fontes e a complexidade de gravar vídeos com conteúdo emocionalmente denso. “Tentamos gravar diversas vezes, mas houve momentos em que foi complicado, principalmente por conta da ansiedade e da pressão de entregar o projeto”, relembra Ana Bárbara. Além disso, um dos maiores desafios foi a busca por profissionais da área de saúde mental para participar do projeto. A agenda apertada da primeira psiquiatra convidada para complementar os vídeos não permitiu a sua inclusão, frustrando um plano inicial.
Outro obstáculo significativo foi o tempo de edição. Adaptar os vídeos para a duração de um minuto, formato mais eficaz no Instagram, exigiu um esforço extra, muitas vezes levando as alunas a trabalhar durante horas para alcançar o resultado desejado. “Tivemos que aprender a editar vídeos de forma rápida e eficaz. A cada edição, aprendemos algo novo”, conta Vitória, que também lidou com sua própria ansiedade durante o processo de produção.
Impacto pessoal
Para as criadoras, o Help Club foi também um catalisador de transformação pessoal. Ana Bárbara destaca que o projeto marcou seu amadurecimento, enquanto Vitória compartilha que a experiência a ajudou a lidar melhor com sua própria ansiedade. “Eu sou mais ansiosa do que imaginava. Mas, no fim, percebi que o projeto me ajudou a lidar com essa ansiedade de maneira mais saudável. Tudo o que aprendi se reflete no Help Club”, afirma Vitória.
O processo de criação levou as estudantes a refletir sobre suas próprias experiências com saúde mental, criando um espaço de autoconhecimento que foi, em certo sentido, terapêutico. “O TCC, que era para ser um desafio acadêmico, acabou se tornando uma oportunidade de autoexploração”, conclui Ana.
Futuro
Apesar dos desafios enfrentados, Ana Bárbara e Vitória estão otimistas em relação ao futuro do Help Club. Elas acreditam que o projeto tem grande potencial de engajamento e transformação, especialmente considerando a crescente conscientização sobre saúde mental entre os jovens. “Queremos que o Help Club seja uma plataforma de apoio constante, onde os jovens possam encontrar ferramentas para lidar com seus sentimentos e entender que não estão sozinhos”, afirmam as criadoras.
Para acompanhar o desenvolvimento do projeto e participar das discussões sobre saúde mental, basta seguir o Help Club nas redes sociais.