quarta-feira, 23 de outubro de 2024
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Eu, meu filho e o autismo

CARLA LACERDA, JORNALISTA, MÃE DE UM AUTISTA

A história de Carla e o filho João Lucas evidencia a rotina e os desafios em cuidar de uma criança autista.

Por Eduarda Moraes e Luan Pinheiro | Editores: Maísa Martins e Rodrigo Melo

CARLA LACERDA, JORNALISTA, MÃE DE UM AUTISTA

“Me chamo Carla Lacerda, tenho 42 anos, sou mãe, moro em Goiânia com o meu filho João Lucas, uma criança autista. No meu dia a dia, por si só, já tenho inúmeros desafios, no entanto, não pude deixar de trabalhar para dedicar exclusivamente à maternidade. Agora imagina a vida de uma mãe, que o filho precisa de cuidados constantes, tem uma série de limitações e demanda não só um, mas vários tratamentos”. 

JOÃO LUCAS BRINCA COM A MÃE DURANTE ATIVIDADE NO PARQUE

“O João Lucas nasceu em 2013, meu primeiro filho, ele nasceu prematuro, então eu sempre esperava que as etapas do desenvolvimento dele realmente demorassem mais um pouquinho em relação às outras crianças, mas quando ele tinha pouco mais de um ano, eu comecei a perceber que ele não tinha algumas habilidades como todas as outras crianças, habilidades sociais, por exemplo, dar “tchauzinho”, bater palma, imitar, e quando chegou perto dos dois anos de idade, o João Lucas ainda não falava, ele às vezes expressava alguns sons como “mã” – de mamãe – mas não falava”. 

“Ao longo do desenvolvimento do João Lucas, principalmente nos dois primeiros anos de vida, eu percebi que ele não tinha algumas habilidades como outras crianças. Por exemplo, eu chamava o João Lucas pelo nome e ele não se atentava, ele não olhava pra mim, mas se ele estava em um cômodo e no outro tocava a música da galinha pintadinha, ele saía correndo. Então não era uma questão de problema de audição. Era como se fosse uma audição seletiva. Ele prestava atenção naquilo que interessava”. 

JOÃO LUCAS AO LADO DA MÃE, CARLA

O sentimento e sonhos 

“Sentimento de luto, por que sentimento de luto? Porque até então você imaginava que tinha um filho e quando vem o diagnóstico, tudo muda, é como se te entregasse outra criança e você começa a ver mais as limitações do que às vezes as potencialidades que seu filho vai ter. Infelizmente, o modo ser humano, a gente idealiza muito todas as áreas da vida e a gente acaba frustrada”.