Por Núbia Nunes.
Segundo estudo do Instituto Locomotiva, divulgado pela Agência Brasil em abril deste ano, oito em cada dez brasileiros já acreditaram em fake news, o que representa quase 90% da população do país. Os dados mostram a necessidade do debate sobre o assunto, que envolve a confiabilidade das fontes de informação. Com esse objetivo, o Observatório de Mídia do curso de Jornalismo e o curso de Relações Internacionais realizaram o evento “Em quais fontes confiar”, na terça-feira (26/9).
O professor e coordenador do Observatório, Rogério Borges, e o coordenador de RI, Danilo Alarcon, destacaram a importância do jornalista e do internacionalista na mediação entre as fontes e a sociedade. Borges explicou que parte expressiva da sociedade está abolindo a mediação profissional, o que prejudica a veracidade das informações divulgadas. “São elas (mediações) que trazem o contraditório. Porém, a sociedade refuta aquilo que não quer ouvir. A lógica dos algoritmos, nas mídias sociais, é oferecer aquilo que você deseja consumir.”
Para o coordenador do Observatório de Mídia, as pessoas compartilham informações que gostariam que fossem verdade. “Nos estudos de recepção, estudamos a economia da atenção. Aquilo que atrai é a economia dos afetos. E o que significa afeto? Não é apenas gostar, mas odiar. Primeiro (a informação) chama a sua atenção, depois, te afeta em diferentes áreas.”
Danilo Alarcon destacou a importância da diversidade de fontes em busca de informações confiáveis. Como exemplo, ele citou uma pesquisa sobre Política Externa Brasileira, na qual devem ser analisados discursos oficiais do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), arquivos privados dos Ministros das Relações Exteriores, a história oral e notícias de jornais do período estudado.
De acordo com o coordenador do curso de RI, todas as fontes possuem um viés. “E nós também temos nossos vieses. O problema atual é que cada vez temos mais fontes. Diante desse cenário, a mediação é fundamental para vislumbrar a possibilidade de um pensamento crítico,” avalia.
O internacionalista orienta que agências de comunicação, documentos, testemunhas e até mesmo órgãos públicos podem servir como ponto de partida da informação. Saber o histórico, a linha de pensamento e até mesmo o tempo que trabalha com as informações divulgadas é crucial para a confiabilidade dos dados fornecidos. “O cotejamento da fonte garante a devida apuração da notícia, diminuindo as chances da disseminação de mentiras, principalmente nas mídias digitais,” complementa Borges.
Dicas de como evitar a desinformação
Alunos de Jornalismo Mateus Werner e João Ântonio Anawat.
O evento
Neste semestre, o Observatório de Mídia e o curso de RI da PUC Goiás irão realizar mais dois eventos em parceria, nos dias 30 de setembro e 11 de novembro. A coordenadora do curso de Jornalismo, Sabrina Moreira, destacou a importância da iniciativa e sua admiração pelos debatedores. “Jornalistas e internacionalistas são mediadores e trabalham com o aspecto humano. Mais do que aprender sobre temas da contemporaneidade, estamos trabalhando com pessoas que admiramos.”