Por: Sarah Marques
Supervisão: Prof. Antônio Carlos Borges
A promoção do bem-estar das pessoas acima de 60 anos tem sido um tema recorrente na atualidade. Com isso, as estratégias mais usadas são as práticas de atividade físicas e a alimentação saudável. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que, de 2000 a 2023, o número da população idosa aumentou para 15,6%, e, com isso, surgem os desafios para a promoção da saúde e qualidade de vida para esse grupo.
Um artigo publicado pelo grupo Sabin destacou as principais doenças que são mais propensas aos idosos. São elas: doenças cardiovasculares, como hipertensão, AVC (Acidente Cárdio Vascular), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial carotídea e dislipidemias. As doenças respiratórias, como gripe, pneumonia, bronquite crônica e enfisema pulmonar. Além disso, transtornos mentais e doenças neurodegenerativas também afetam mais a população idosa, como Alzheimer, Parkinson e depressão.
Valmir de Souza, de 60 anos, pratica musculação há mais de duas décadas e destaca que passou por uma transformação, não apenas física, mas na saúde. “Sabemos que sair da zona de conforto requer conhecimento e disciplina prática. Tudo isso exige esforço. E não é por acaso que o número de pessoas com doenças crônicas tem aumentado no mundo inteiro. Isto, simplesmente por hábitos inadequados”. Souza conclui que a saúde dele foi transformada a partir do momento que que buscou uma alimentação saudável e praticar atividade física.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, a partir dos 65 anos, as pessoas pratiquem atividade física moderada, principalmente aeróbicas e de fortalecimento muscular. “Todo treino, seja ele qual for a prática escolhida pelo idoso, precisa ser pensado e orientado de acordo com as suas necessidades individuais. Falando na parte nutricional, isso não é diferente. Os exercícios intensos exigem energia, que adquirimos na alimentação adequada”, afirma a educadora física Johanna Barbosa.
Segundo o Ministério da Saúde, a relação de uma boa alimentação com a prática de atividade física é essencial para o indivíduo. Além disso, o Ministério também pontua que pessoas acima de 60 anos precisam ser mais cuidadosas, em busca de uma alimentação mais adequada e saudável. A nutricionista Izabela Reis afirma que se uma pessoa pratica atividades físicas todos os dias, mas não segue uma alimentação correta, não alcançará o objetivo.
Ela observa que os idosos precisam de certas suplementações para ajudá-los. Segundo Reis, pessoas com mais de 60 anos têm maior dificuldade com a força do próprio corpo, e, por isso, necessitam de mais proteína e creatina. “Eu já vi estudos mostrando que a creatina ajuda não só que treina, mas quem tem depressão”, destaca.
Izabela também reforça a falta do olhar para os idosos por parte das empresas de suplementos. “Muito da rejeição dos idosos a esses suplementos é a divulgação deles. Por exemplo, o da BlackSkull, tem uma caveira na marca. Você acha que um idoso iria comprar algo que tem uma caveira? A maioria dessas empresas de suplementação tem um olhar mais para o público jovem. Isso vai muito da marca, o que ela vai querer trabalhar”, acentua a nutricionista.
Reis também destaca a importância da reposição de certos componentes que os idosos precisam se atentar, como o whey e a creatina. A nutricionista pontua que muitos idosos sofrem de perda de massa progressiva, a sarcopenia, e necessitam de uma reposição proteica, a fim de que eles adquirem fortalecimento muscular e evitem quedas e dificuldades no andar.
Uma recomendação do Guia Alimentar para a População Brasileira é que os idosos procurem se alimentar, se possível, acompanhados. O Guia destaca que é importante manter uma rede de apoio e afeto, com amigos, família, para que as refeições gerem também interação.
“Já ouviu falar que a alimentação é afetiva? Quando você fala com um público idoso, sabe que eles gostam de comer uma comida mais caipira, preferem um doce de leite a um chocolate. Isso é algo muito afetivo. A alimentação acaba que é também o nosso refúgio. Se você está triste, vai procurar a comida. Se você está feliz, vai comemorar com comida. Se vai num velório, tem comida. Então, acaba que você sempre vai lembrar da comida da mãe, e você sente falta daquilo, você lembra”, afirma a nutricionista sobre a necessidade do afeto para os idosos.
Com isso, a população idosa precisa ser inserida nas práticas saudáveis de forma diferente dos demais grupos. A educadora física acentua que trabalhar para o público idoso necessita que o profissional seja mais atento aos sinais que pessoas acima de 60 anos apresentam. Barbosa destaca que é perceptível certas dificuldades como falta de ar, tontura e palidez, o que interferem nos treinos.
Valmir salienta que o principal desafio é sair da zona de conforto e se conformar que a mudança é necessária. “Os desafios não são pequenos. Mas, vou te falar, o resultado é perfeito!”, reforça.