Por Roberto Filho
A bioeconomia propõe olhar para o Cerrado e para outros biomas de uma nova forma, utilizando o conhecimento científico para produzir soluções capazes de resolver os problemas da sociedade. Essa é a visão do professor Reinaldo Lucena, conferencista da abertura do X Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC Goiás, que abordou o tema “Bioeconomia: cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade.”
Segundo Lucena, a bioeconomia é um conceito que desafia a sociedade a repensar a utilização dos recursos naturais. “Não se trata apenas de desenvolvimento tecnológico, mas de criar uma nova relação entre sociedade e natureza. É um convite para que consideremos vacinas, biocombustíveis e cosméticos não só como produtos de consumo, mas como frutos de um compromisso com o planeta”, orienta.
Para o conferencista, o conceito de cadeia de valor é uma ferramenta poderosa para questionar o ciclo de vida dos produtos consumidos. “Cada etapa, da extração da matéria-prima ao descarte final, carrega um impacto que reverbera além do consumidor final.” Diante disso, é importante entender o conceito de forma crítica, abrindo espaço para decisões mais conscientes, capazes de gerar valor econômico, mas também ambiental.
Lucena falou sobre a importância de desenvolver uma teoria capaz de explicar o comportamento humano, observando as mudanças no modo como as pessoas se relacionam com o meio ambiente. Outro ponto destacado pelo professor foi a Etnobiologia, pois o Cerrado abriga mais do que espécies e ecossistemas. Possui comunidades que há séculos aprenderam a viver em harmonia com a terra.
“Essas populações locais carregam um saber ancestral sobre como coexistir com o bioma, um conhecimento que, cada vez mais, precisa ser ouvido e valorizado. O congresso nos convida a aprender com essas práticas, que são verdadeiras lições de sustentabilidade e respeito à natureza”, explica.
A expectativa é que este evento inspire novas ideias, mas, acima de tudo, que seja um ponto de partida para ações concretas em prol de um futuro em que o desenvolvimento possa coexistir com a preservação.
Licenciado e bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (2002), Mestre (2005) e Doutor (2009) em Botânica pelo Laboratório de Etnobotânica Aplicada do Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), tem experiência na área de Botânica e Ecologia, com ênfase em Etnobotânica, atuando principalmente nos seguintes temas: etnobiologia, etnobotânica, etnozoologia, caatinga, populações tradicionais e conservação da biodiversidade.
Reinaldo Lucena
Trabalhou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) entre os anos de 2009 até 2020. Atualmente é Professor no Instituto de Biociências da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), orientador de Mestrado/Doutorado em Rede em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) da UFPB no Campus I (João Pessoa), professor permanente nos Programas de Pós-Graduação em Recursos Naturais; em Biologia Vegetal; em Ensino de Ciências (todos na UFMS) e diretor da Agrotec: bioeconomia no agronegócio, unidade Embrapii da UFMS.
Evento
O X Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC Goiás começou no dia 14/10 e vai até 19/10, com o tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”, com a realização de fóruns, seminários, apresentação de trabalhos, exposições, jornadas, conferências, simpósios, maratonas, minicursos, colóquios e olimpíadas.
Em meio a discussões sobre sustentabilidade e inovação, o evento busca respostas para a preservação do Cerrado que, apesar de essencial para o equilíbrio ambiental, segue ameaçado pela expansão descontrolada.