Por João Victor Galvão, Luanna Mendes e Rebeca Oliveira.
O terceiro dia do Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC Goiás (16/10) foi repleto de atividades. O Câmpus V da universidade contou com a presença da egressa Maria Angélica Olinto, que ministrou palestra sobre as cotas de gênero na legislação eleitoral.
Palestrante de Direito Eleitoral e Constitucional, Maria Angélica expôs os principais pontos da discussão sobre o tema “Cotas de gênero na Legislação Eleitoral: Inclusão ou Fraude?”, trabalhada em seu TCC, utilizando como exemplo as eleições municipais de 2024 e abrindo espaço para debate com os presentes no evento.
A egressa destacou que, ao mesmo tempo que as cotas são importantes para a inserção feminina no Legislativo, estas também abrem inúmeras brechas para fraudes eleitorais e descredibilização da mulher.
“A cota de gênero veio como um mecanismo de trazer esperança para a mulher entrar no parlamento, para ela ter voz. […] Infelizmente, de forma contraditória, as mulheres vêm sendo caladas por causa da cota, que tem sido usada na maioria das vezes como candidatura laranja, apenas para atingir a porcentagem de mulheres necessárias no partido”, disse Maria.
Nas eleições municipais de 2024 em Goiás, apenas 35 mulheres foram eleitas prefeitas e 362 foram eleitas vereadoras, sendo este último o menor número de vereadoras eleitas da região Centro-Oeste. As mulheres ainda são minoria na representatividade política, apesar de constituírem a maioria do eleitorado brasileiro.
De acordo com a palestrante, um machismo muito forte ainda está presente na sociedade. As pessoas não se interessam em eventos nos quais o foco é a mulher, não gostam de ver mulheres na liderança. A palestra realizada na manhã de quarta-feira (16/10), apesar de constar no sistema do Congresso como lotada, teve poucos participantes.
“Nesse tema em particular, o debate ganha uma importância maior, porque eu entendo que nós temos uma sociedade muito desigual nas disputas eleitorais. É mais provável que um homem branco seja eleito do que uma mulher negra, né? Então, o debate é importante e a forma como ele foi feito também. Foi bastante produtivo, nós tivemos um grande tempo para que as pessoas pudessem expor suas ideias e pensamentos”, refletiu João Valverde, professor de Direito da PUC Goiás.