Por Enzo Carmignolli.
“O retrato e a conexão entre fotógrafo e fotografado” foi tema da primeira edição do “Papo Fotográfico”, realizado no dia 30/10 pelas professoras dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda, Deborah Borges e Mariana Capeletti, em parceria com o Observatório de Mídia, no Campus V da PUC Goiás. Os convidados, Weimer Carvalho, Júlia Barros e Thiago Daher debateram sobre os personagens retratados e as ocasiões em que o retrato é requisitado, desde ensaios até reportagens narrativas. A PUC TV realizou a cobertura do evento.
Editor de fotografia do jornal O Popular e videomaker, Weimer Carvalho começou na área em 1995, época em que o imediatismo não permeava a fotografia. Para ele, o desafio do fotojornalismo é contar uma narrativa cativante, sem fugir da realidade e da objetividade do momento. Ele destacou a importância de se diferenciar das imagens tiradas pelos não profissionais que, devido à crescente acessibilidade das câmeras, se tornaram mais presentes.
Com dezenas de reportagens no currículo, Carvalho apresentou algumas de suas fotos e contextualizou-as, contando as nuances do trabalho do fotojornalista, como a necessidade de se integrar com os personagens das reportagens, mas também de saber quando se distanciar e capturar momentos espontâneos.
O fotógrafo disse sempre tentar aproximar seus personagens dos fatos, ir até os locais dos acontecimentos, buscar sutilezas na rotina, no mundo do indivíduo e expor essas características subjetivas nas fotos. Para ele, se envolver com a situação não é um problema e pode até auxiliar na construção de algo relevante e envolvente.
Carvalho também deu ênfase ao fato de que boas fotos não estão distantes da realidade, devem ser procuradas no cotidiano em uma busca constante que serve como método para aprimorar o olhar artístico. Algumas das pautas importantes realizadas pelo fotojornalista não estavam em outros estados ou países, mas sim próximas e muitas vezes demandavam somente o olhar treinado e a proatividade de conhecer locais e pessoas novas.
Segundo ele, a foto é fundamental nas reportagens, pois, dependendo da qualidade e do tamanho, melhoram a absorção do conteúdo, além de marcar os assuntos e personagens retratados na mente do leitor.
Egressa da PUC Goiás, a fotógrafa comercial e freelancer Júlia Barros contou sua história no curso de Jornalismo e a descoberta da fotografia, por meio da produção de autorretratos durante o isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Nesse período, ela se aprofundou nas câmeras e nos programas de manipulação de imagens.
Barros enfatizou a exploração dos diversos vieses proporcionados pela área, como fotografias de shows, eventos públicos, assessorias, fotos de rua, ensaios e até em viagens pelo país com o objetivo de expandir o olhar, algo no qual pretende se aprofundar.
A profissional explicou como o olhar do fotógrafo está acima de seu equipamento, pois oferece a experimentação, rende personagens e cenas encantadoras, contando histórias que interessem a um público, mesmo que seleto. Ela também falou sobre a importância de consumir conteúdos e se inspirar na arte, desde fotografias a desenhos animados.
Por fim, o também egresso da PUC Goiás, Thiago Daher, fotógrafo, artista e escritor, contou sobre seu Trabalho de Conclusão de Curso, um fotolivro que mesclava poesia e fotos, um de seus meios de expressão favoritos que impactou profundamente sua vida profissional.
Daher também trabalha com lambe-lambe, técnica que cola imagens em papel nas paredes da cidade. O artista expõe seus poemas e fotografias em murais, usufruindo do espaço urbano como museu, propondo acessibilidade e quebra da rotina em cada papel colado.
O fotógrafo contou sobre a fotografia de eventos e os ensaios fotográficos. Ao vender seu trabalho, compreendeu que, mesmo quando o artista se submete aos clientes e suas demandas para manter o sustento, ainda pode inserir suas influências e toques para produzir algo capaz de cativar o espectador.
Daher falou sobre seus ensaios criativos, expôs fotos que tirou de artistas e personagens, aproveitando a criatividade. Segundo o fotógrafo, a pessoa e o contexto dos ensaios são essenciais para criar fotos interessantes, além de ampliar a qualidade de seus produtos ao experimentar com a textura, profundidade, ângulos, iluminação e até câmeras analógicas criando algo único.