quarta-feira, 23 de outubro de 2024
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Cadê a seta?

Por: Henrique Chiareli

Com humor, o estudante de Jornalismo, Henrique Chiareli reflete sobre o desuso da seta no trânsito caótico de Goiânia

Às 6h30 da manhã começa a corrida. Mal entro no carro e já tenho que me preocupar em não ser fechado ou cortado por algum enlouquecido no volante. É sempre a mesma historinha, dia após dia, mas sempre tem uma surpresa, sempre acontece alguma coisa pra surpreender. Cadê a seta? Aparentemente não usam isso por aqui. É como se fosse uma lenda urbana, raramente aparece, muitos só ouviram falar sem nunca terem presenciado diante de seus olhos. Um brilho vermelho que pisca repetidamente para sinalizar a direção que um automóvel irá se deslocar e que poderia evitar muitos acidentes e brigas de trânsito.

Pra descontrair ligo o rádio, mas o som da música é rapidamente ofuscado por um barulho ensurdecedor de uma buzina de uma moto, pilotada por um abençoado que se acha o dono da rua querendo passar de qualquer jeito em uma terceira faixa que ele acabou de inventar. ‘Tomara que quebre a perna, mas que pelo menos não arranhe o meu carro”. Indo pra faculdade, pro trabalho ou qualquer outro destino sempre acaba me levando pro mesmo lugar: Marginal Botafogo. As vezes sinto vontade de jogar o carro naquele córrego. É um lugar caótico, faz jus ao nome, está à “margem” da paciência de qualquer um.

Como se não bastasse a manada de carros enlouquecidos por toda parte, ainda tem que aturar essas pessoas que param o trânsito inteiro só pro lírio-dourado-do-campo passar pra outra faixa ou fazer alguma outra aleatoriedade, como se fosse Moisés abrindo o mar de carros para ele passar. Os motoqueiros voltaram, mais uma vez pra causar e semear o caos. Ficam passando por todos os lados e ainda buzinam, reclamam e fazem gestos primitivos querendo que eu me remexa todo pra deixar eles passarem.

Nem sei como, mas, por um milagre divino, consegui sair do purgatório da Marginal, mas, mesmo assim, ainda é necessário enfrentar um exército de desalmados, para só assim, finalmente, chegar em casa e por um fim nessa longa e dura batalha.