sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
InicialObservatório de Mídia

“As fake news são um desserviço para toda a sociedade”

Profª Pollyana Rosa Ribeiro / Arquivo pessoal

Profª Drª Pollyanna Ribeiro Rosa

Atualmente vivemos em uma sociedade regida pelas redes sociais. Esse cenário acaba alterando a maneira como consumimos os conteúdos digitais, principalmente quando se trata de notícias. Estamos sempre consumindo aquilo que irá nos dar um retorno mais rápido, isto é, fácil e entendível ao ser lido. Isso acaba influenciando na produção das fatídicas fake news, que ganham difusão justamente pela ausência de letramento midiático por boa parte das pessoas que as compartilham. 

O fluxo contínuo de mensagens escritas, de áudio, imagens, vídeos, se coloca como a ordem do dia que orienta os laços sociais e as rotas do cotidiano, o que tem transformado velozmente nossa forma de nos relacionarmos e nos constituirmos, como aponta a professora Pollyanna Rosa Ribeiro, uma das palestrantes no 10° Observatório de Mídia da PUC Goiás, que debate educomunicação e as novas ferramentas de Comunicação.

Em entrevista à Agência Impressões, a pedagoga, especialista em educação infantil, mestre e doutora em educação e pesquisadora sobre letramento cinematográfico na formação inicial de professores, expõe seu ponto de vista sobre o assunto. Segundo ela, que é Coordenadora do Programa de Referência em Inclusão Social da PUC Goiás (PRIS), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia e a ONG ASDOWN, a educação é a via mais efetiva de esclarecimento para lidar com as notícias falsas e seus desencadeamentos negativos. 

“O conhecimento tende a ser libertador, aprimora a consciência, a percepção de si e a complexidade das relações na dinâmica social. Como os processos de socialização ocorrem em diversos espaços, inclusive o ciberespaço, a possibilidade atual de propulsão e difusão de fake news é sem precedentes”, aponta a educadora. 

Ainda conforme é destacado por ela, o percurso educativo permite o desenvolvimento de melhorar a capacidade de contextualização, apreensão das tramas discursivas, distinção de fato de opinião, verificação de fontes e estabelecimento de relações. Pollyana afirma que o jornalista tem o propósito formativo de trilhar o percurso além daquilo que é situado na aparência, ou seja, não é apenas em sua formação inicial básica das técnicas jornalísticas principais, mas deve sempre levar em consideração o contexto de atuação. Segundo a docente, o jornalismo atravessa por um posicionamento ético e estético e a intenção dos profissionais especificamente desta área é compartilhar seu conhecimento com o público.

“É preciso ‘aprender a ver’, não só acompanhar as produções midiáticas. Aprender a ver refere-se ao conhecimento dos elementos visuais e audiovisuais, à compreensão desses fenômenos, seus modos e mecanismos de funcionamento, como operam e produzem implicações no leitor/espectador”, acrescenta Pollyanna. “Por isso a prática do letramento midiático se faz necessário, afinal, ela ajuda na construção de um outro tipo de formação, que valoriza a ética, a sensibilidade e conhecimento para o desenvolvimento e aprimoramento humano. A falta de regulação da internet e o bombardeio de informações e notícias tendem a nos dessensibilizar e naturalizar a barbárie. Essa dinâmica influencia e interpela todas as instituições sociais e gerações, pois uma marca da contemporaneidade é o imperativo da imagem, que descarta o que estava estabelecido na constante busca do novo, o que tende a manter uma atenção superficial, flutuante e dispersa”, explica.

O impacto das fake news

Complexidade. Esta é a palavra certa para caracterizar quando se trata de fake news. Pense em quantas vezes você já recebeu mensagens completamente incoerentes de parentes ou amigos mo WhatsApp, compartilhando uma fake news. Quantas vezes você já caiu em uma fake news, mesmo tendo acesso a todas as ferramentas pelas redes sociais, que algumas vezes acabam ajudando indiretamente? As notícias falsas causam um impacto negativo tanto para o comunicador quanto para o leitor que está consumindo. A grande verdade é que na maioria das vezes as pessoas não checam aquilo que está sendo dito, pois muitos levam para si o famoso ditado: “Se está na internet, então é verdade”.

“Penso que as fake news são um desserviço para toda a sociedade, pois promovem a alienação, a deformação e a manutenção do estado do contexto como está, logo sua lógica caminha na contraposição das finalidades educativas”, opina Pollyanna. No entanto, há formas e maneiras de combater as fake news e tudo isso pode ser feito por meio da educação, já que a formação, o desenvolvimento integral humano e a conscientização advém das práticas reflexivas.

“As iniciativas pautadas na apreciação de produções textuais/visuais/audiovisuais, no debate, na compreensão dos dispositivos da composição da estética e dos conteúdos que constituem a produção alicerçam as propostas de letramento midiático, indispensáveis para o enfrentamento à desinformação e ao engodo, seja nas práticas educativas formais ou informais”, diz a docente. 

Pollyanna Ribeiro estará presente como palestrante do 10° Seminário do Observatório de Mídia da PUC Goiás, na quarta-feira (10), às 19h. O evento será transmitido no canal do YouTube da instituição e também conta com a participação da professora e doutora Márcia Blasques, da Universidade de São Paulo (USP), debatendo acerca da educomunicação e as novas ferramentas de Comunicação.

EQUIPE DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA:

Edição final: Rogério Borges

Entrevista: Victória Vieira

Fotografia: Acervo pessoal

Supervisão Geral: Rogério Borges (Jornalismo Opinativo) e Carolina Zafino (Ciberjornalismo).

*O conteúdo produzido e publicado no Impressões, no espaço do Observatório de Mídia da PUC Goiás, é resultado de um processo de aprendizado pedagógico do curso de Jornalismo da PUC Goiás dos alunos nas disciplinas de Jornalismo Contemporâneo e Jornalismo Opinativo.